A eleição da Suéllen Rosim (Patriota) como Prefeita de Bauru gerou questões que vão muito além dos desafios em governar. A reação de algumas pessoas, poucas felizmente, que certamente serão penalizadas conforme a lei trouxeram à tona temas como gênero, raça, classe social e até credo. A eleição de Bauru virou caso de polícia com repercussão em nível nacional.
Neste sentido teremos ainda eco destes fatos por algum período, contudo, não obstante a gravidade dos temas, notadamente a ameaça de morte, coisa inaceitável, a cidade precisa que o foco seja sua gestão.
O que menos a prefeita eleita precisa neste momento é ter que lidar com os desafios da cidade, que não são poucos, e ainda ter ainda que se superar porque parte da sociedade classifica a competência das pessoas pelo seu sexo, religião e origem social.
O que eu quero dizer é que a prefeita eleita e sua equipe precisam de espaço para construir um secretariado que tenha o viés técnico como preconizado. Também é preciso entregar o novo prometido. Por sinal este foi o mote da campanha: arrumar a casa com novos elementos, mais comprometidos com o destino da cidade.
Permitir que as energias que seriam gastas na construção de um planejamento estratégico para cidade sejam canalizadas para outras questões é perder um tempo precioso. Entendo que os ataques a prefeita eleita devem ser apurados e os responsáveis punidos, mas o tempo urge e a posse se aproxima.
Voltando ao secretariado tenho defendido a tese que não será tarefa fácil encontrar bons quadros, que sejam técnicos e que estejam dispostos a dedicar-se ao setor público, contudo esta limitação não desculpa para escolhas sem critério.
A população ficará de olho e cobrará da prefeita eleita este novo. Não o novo do ponto de vista de idade, mas o novo no tocante a energia, garra, vontade de fazer, de realizar. O novo que inova, que lidera, que se reinventa e que não se rende a pressões corporativas, que ouve a sociedade e gerencia sua equipe a luz do interesse coletivo. Que não transforma promessas em desculpas, jogando a toalha, como muitos já o fizeram no passado, porque “a política é assim mesmo”.
Não, definitivamente não! A cidade não pode mais esperar e não aceita conviver com o razoável. Em tempos de avanços tecnológicos, tendo a ciência da administração estabelecido formas de gerenciamento criados processos que elevam a produtividade, em tempos que gerenciar gente precisa de líderes, não podemos aceitar a tentativa e erro. O resultado tem que ser ótimo ou não serve. Chega de puxadinho e de meia boca. Cansamos.
Por sinal tentativa e erro não cabe mais em lugar algum, muito menos no gerenciamento dos escassos recursos públicos, cuja capacidade em fazer mais com menos é que fará a diferença entre a qualidade de vida das pessoas e a mesmice, histórica, de prometer e não entregar.
Elencar poucos e importantes indicadores sociais com planos de ações eficazes, fazendo com que todo o corpo do setor público municipal se comprometa com estes resultados, é o mínimo que se espera daquela que criou expectativas de ser uma nova liderança na política.
Insisto: canalizar energia em gestão é o melhor a fazer. As demais questões, graves sim, devem ser monitoradas por quem de direito.
Lembrem-se da frase de Júlio César quando decidiu se divorciar de Pompéia mesmo sem ter certeza de que ela não o traiu: “à mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta”.
Com menor nível de pressão, focando no essencial, buscando a “cidade ideal” como preconizou, é possível trazer o novo, caso contrário, seremos novamente cobaias da tentativa e erro.
Reinado Cafeo é economista e presidente da Associação Comercial e Industrial de Bauru – ACIB.