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Em um movimento que busca ir além do marketing, prefeituras brasileiras adotam a norma internacional ISO 37120. O objetivo é usar dados globais para medir o que realmente importa: a qualidade de vida, o bem-estar e a sustentabilidade no dia a dia do cidadão.
Quando se fala em “cidade inteligente”, a imaginação voa para drones e semáforos controlados por Inteligência Artificial. No entanto, a verdadeira inteligência de uma cidade está em sua capacidade de cuidar das pessoas. É com essa visão que diversas prefeituras brasileiras estão buscando a certificação ABNT ISO 37120, a norma internacional que estabelece padrões e indicadores de desempenho para cidades inteligentes e sustentáveis.
A ISO 37120 é mais do que um selo de qualidade; é uma linguagem comum. Ela permite que a gestão municipal compare seu desempenho em dezenas de áreas — de saúde e educação a segurança e finanças — com as melhores práticas de metrópoles ao redor do mundo. Em um cenário de crescente complexidade urbana, a norma se torna a bússola que orienta o gestor para onde deve direcionar seus investimentos de forma mais humana e eficiente.
A Buscas por Indicadores que Transformam Vidas
A norma ISO 37120 é baseada em 19 temas e 100 indicadores, que medem a performance da cidade. O foco não está na tecnologia em si, mas em como ela se traduz em bem-estar:
Saúde e Educação: Avalia o acesso e a qualidade, medindo desde a taxa de matrícula na educação básica até a taxa de mortalidade infantil. O indicador impulsiona investimentos em postos de saúde mais acessíveis e em escolas com melhor infraestrutura.
Segurança e Acessibilidade: Vai além do número de câmeras. Analisa a taxa de óbitos por acidentes de trânsito e o percentual de área da cidade acessível ao transporte público em 500 metros. Isso incentiva políticas de mobilidade segura e inclusiva.
Sustentabilidade Ambiental: Mede o volume de resíduos sólidos reciclados e o consumo de água per capita. O objetivo é reduzir o impacto ambiental do crescimento urbano.
Finanças e Governança: Avalia a transparência na administração e a solidez financeira, olhando para a dívida per capita e a taxa de arrecadação de impostos locais.
O Gestor como Curador da Qualidade de Vida
O processo de certificação exige que o gestor se torne um “curador” dos dados da cidade, garantindo que as informações coletadas sejam precisas, públicas e comparáveis. Essa exigência força a prefeitura a abandonar a gestão em “silos” (departamentos isolados) e adotar uma visão intersetorial.
A busca pelo padrão ISO não se esgota na obtenção do certificado. Ela se traduz em um ciclo contínuo de melhoria, onde os dados coletados são usados para calibrar as políticas públicas anualmente, garantindo que o investimento de hoje gere um retorno real na qualidade de vida do morador amanhã. O verdadeiro sucesso é usar a métrica internacional para tornar o impacto local cada vez mais humano e sustentável.
Fonte: ABNT NBR ISO 37120:2020 – Cidades e comunidades sustentáveis

