Crédito: Banco de Imagens
Levantamento de fim de ano aponta prioridade absoluta na folha de pagamento, mas acúmulo de compromissos financeiros exige cautela para não comprometer o orçamento de 2026.
O primeiro ano do mandato (2025-2028) chega ao fim com um retrato fiscal agridoce para os municípios brasileiros. O recém-divulgado Diagnóstico Fiscal da Confederação Nacional de Municípios (CNM) traz um alívio e um alerta simultâneos. A boa notícia é a redução significativa nos atrasos salariais: a esmagadora maioria das prefeituras conseguiu honrar a folha de pagamento e o 13º salário em dia. No entanto, a contrapartida desse esforço foi o crescimento dos “Restos a Pagar” — despesas empenhadas, mas não pagas dentro do exercício —, criando um passivo que pode engessar o orçamento de 2026.
Para o gestor público, esses dados contam a história de um ano de escolhas difíceis. Diante da oscilação dos repasses do FPM no primeiro semestre e da pressão inflacionária sobre os custos da máquina, a opção política e social foi clara: proteger o servidor. Manter a folha em dia garante a paz social, o funcionamento dos serviços essenciais (escolas e postos de saúde) e movimenta o comércio local.
O Perigo do “Cheque Especial” Administrativo
Se a folha está em dia, a luz amarela pisca na relação com fornecedores e prestadores de serviço. O aumento do volume de Restos a Pagar significa, na prática, que muitas despesas de 2025 serão pagas com o dinheiro de 2026.
Isso gera dois riscos principais para a gestão:
Orçamento Comprometido: O prefeito começa o segundo ano de mandato com uma parte da receita já “carimbada” para pagar dívidas do ano anterior. Isso reduz a capacidade de investimento em novas obras e melhorias.
Risco de Inadimplência: Se o volume de dívidas for maior que a disponibilidade de caixa (superávit financeiro), o município pode perder sua Certidão Negativa de Débitos (CND). Sem a CND, a prefeitura fica impedida de assinar convênios estaduais e federais, travando a chegada de recursos voluntários.
Ajuste de Rota para 2026
O diagnóstico da CNM serve como uma bússola para o planejamento de janeiro. A recomendação técnica é que as Secretarias de Finanças realizem, imediatamente, um Cancelamento de Empenhos não processados (aqueles onde o serviço ou produto ainda não foi entregue) que não sejam essenciais.
Além disso, é hora de negociar. Chamar fornecedores para reprogramar pagamentos e estabelecer um cronograma de desembolso realista é fundamental para manter a credibilidade da gestão.
O ano de 2025 provou que as prefeituras são resilientes e sabem priorizar o humano (o salário). O desafio de 2026 será equilibrar essa sensibilidade social com a frieza dos números, garantindo que o município não apenas pague suas contas, mas tenha fôlego para crescer e investir.
Fonte: Confederação Nacional de Municípios (CNM)
