Energia limpa e desenvolvimento: Nordeste avança

Crédito: Banco de Imagens

Complexo Eólico “Ventos de São Zacarias” é inaugurado entre Piauí e Pernambuco, com investimento de R$ 3 bilhões e benefícios sociais, ambientais e econômicos para os municípios envolvidos.

Com investimentos que ultrapassam os R$ 3 bilhões, foi inaugurado em junho de 2025 o Complexo Eólico Ventos de São Zacarias, um dos maiores projetos de energia renovável do país. A iniciativa foi construída nas regiões de Simões (PI) e Araripina (PE), consolidando o protagonismo do Nordeste brasileiro na transição energética nacional e mundial.

Ao todo, são 80 aerogeradores distribuídos em 10 parques eólicos, com uma capacidade total de geração de 456 megawatts (MW) — volume suficiente para abastecer aproximadamente 1,2 milhão de residências por ano. O empreendimento é resultado de uma joint venture entre a Hydro Rein e a Macquarie Asset Management, com participação estratégica da Albras (Alumínio Brasileiro S.A.).

Mais do que gerar energia limpa, o complexo foi estruturado com um forte componente de inclusão social e responsabilidade ambiental, beneficiando comunidades locais com ações de sustentabilidade, capacitação e infraestrutura.

Nordeste no centro da transição energética

O projeto reforça a posição do Nordeste como líder em energias renováveis no Brasil, especialmente no setor eólico. A região reúne condições naturais ideais para o aproveitamento dos ventos, com índices de produtividade superiores à média mundial. Estados como Piauí, Rio Grande do Norte, Bahia e Pernambuco já concentram grande parte da produção eólica do país.

“Estamos testemunhando uma mudança de paradigma. Essa inauguração representa um passo concreto rumo a um Brasil mais sustentável e menos dependente de fontes fósseis”, destacou Elmano de Freitas, governador do Piauí, durante a cerimônia.

Benefícios sociais e ambientais

Além da geração de energia limpa, o projeto destaca-se pelos impactos positivos nas comunidades do entorno. Foram investidos R$ 42 milhões em ações de responsabilidade social e ambiental, contemplando:

Programas de capacitação profissional e educação técnica para jovens da região;

Projetos de fortalecimento de comunidades quilombolas e grupos tradicionais;

Implantação de sistemas de abastecimento de água e apoio a cadeias produtivas locais;

Medidas de preservação da fauna e flora nativas do semiárido.

De acordo com a Hydro Rein, cerca de 1.300 empregos foram gerados na fase de construção, com prioridade para a mão de obra local.

Compensação ambiental e sustentabilidade

O Complexo Ventos de São Zacarias também possui um forte componente de compensação ambiental, com a previsão de evitar a emissão de 600 mil toneladas de CO₂ por ano — o equivalente à retirada de mais de 120 mil carros das ruas no mesmo período. O projeto ainda foi concebido dentro dos critérios de licenciamento ambiental rigoroso e é auditado por organismos independentes.

Além disso, diversas tecnologias de monitoramento remoto e inteligência artificial foram incorporadas para otimizar o desempenho das turbinas e reduzir impactos ao meio ambiente.

Energia limpa para a indústria e os municípios

A energia gerada pelo complexo já tem destinação definida: será utilizada para alimentar a Albras, uma das maiores produtoras de alumínio do Brasil, em Barcarena (PA). Isso garante estabilidade energética para a indústria de base e, ao mesmo tempo, evita picos de consumo da matriz convencional.

Com isso, o projeto consolida um modelo de energia limpa associada à indústria sustentável, criando um ciclo virtuoso que beneficia tanto a cadeia produtiva quanto a população local, com maior segurança energética e incentivo à geração de empregos.

Relevância municipal e visão estratégica

Para os prefeitos e gestores municipais, a chegada de empreendimentos dessa magnitude é uma oportunidade estratégica. Além de ampliar a arrecadação de tributos como o ISS, há impactos diretos na infraestrutura urbana, empregabilidade, mobilidade e melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.

Simões e Araripina, por exemplo, estão colhendo frutos com a movimentação econômica, a valorização territorial e os investimentos indiretos proporcionados pelo projeto. Esses exemplos servem de referência para outros municípios que buscam desenvolver parcerias público-privadas, atração de investimentos e licenciamento responsável.

O futuro da energia no Brasil passa pelos municípios

O caso do Ventos de São Zacarias reforça a importância dos municípios como atores fundamentais no processo de transição energética. Quando os gestores locais atuam de forma integrada com o setor privado, governos estaduais e federal, criam-se ambientes propícios à inovação, sustentabilidade e desenvolvimento de longo prazo.

Com o crescimento da demanda por energia limpa, espera-se que novos projetos eólicos e solares cheguem a cidades pequenas e médias do interior do Brasil, elevando o padrão de infraestrutura e modernizando as políticas públicas locais.

Fonte:
CNN Brasil

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