Crédito: Política internacional pode afetar exportações de produtos brasileiros — Foto: Divulgação
CNA destaca o impacto das decisões do governo dos EUA sob a liderança de Donald Trump
Para a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o cenário geopolítico para o próximo ano é marcado por tensões, oportunidades e transformações globais, com destaque para o impacto das decisões do governo dos Estados Unidos sob a liderança de Donald Trump. As propostas econômicas americanas devem influenciar de maneira significativa o cenário mundial, afetando áreas como câmbio, política e macroeconomia.
Na Europa, a disseminação de informações falsas sobre a qualidade dos alimentos, especialmente as carnes do Brasil e dos países do Mercosul, levou algumas empresas a anunciarem um boicote aos produtos brasileiros. Esse movimento gerou uma forte reação do setor privado nacional, que fará da busca por ações legais de compensação uma de suas prioridades em 2025.
A CNA espera que o próximo ano traga novos esclarecimentos sobre a implementação da Lei Antidesmatamento da União Europeia (EUDR). Em paralelo, países produtores e exportadores de alimentos se organizam em uma coalizão internacional para enfrentar barreiras comerciais relacionadas ao clima e à violação de legislações nacionais.
Para a diretora de relações internacionais da CNA, Sueme Mori, o contexto em que as últimas negociações haviam sido realizadas, em 2019, eram muito diferentes, uma vez que a Europa ainda não havia assinado o Pacto Ecológico Europeu, e que as contrapartidas do bloco foram mantidas. Por isso, a entidade pede um mecanismo de reequilíbrio de concessões.
“O adiamento não resolve o desrespeito as legislações nacionais porque a EUDR não faz diferenciações em desmatamento legal e ilegal, coloca data de corte de permissão de abertura de área retroativa a 2020, é unilateral, não foi feito dialogo com parceiros, discriminatória especialmente para países como Brasil que ainda tem floresta, a medida tem caráter punitiva, não tem medidas para cooperação”, pontua a diretora.
A China, principal mercado para as exportações brasileiras, enfrenta uma desaceleração no crescimento econômico devido à queda na demanda interna e à alta capacidade ociosa. Em resposta, o país tem buscado aumentar as exportações, mas as tarifas impostas pelos Estados Unidos dificultam essa estratégia. Além disso, apesar dos esforços para reduzir a dependência de grãos importados, a China ainda não alcançou a autossuficiência na produção devido à escassez de terras agrícolas e de recursos hídricos.
Mori pontua que a China colocou como meta de crescimento para esse ano o crescimento de 5%. “Ainda é alto no comparativo mundial, mas, em relação ao que a China vem crescendo, nos deixa preocupados, porque o fato é que o crescimento chinês tem relação direta com a exportação do agro brasileiro”.
Diante da perspectiva chinesa de reduzir a importação de alguns produtos, notadamente grãos, nos próximos anos, a diretora destaca a necessidade do mercado brasileiro em diversificar as exportações para o país, inclusive com a abertura de novos mercados.
Mori pontua que as importações chinesas de café brasileiro cresceram mais de 200% e que, nas últimas semanas, o embaixador chinês se reuniu com o presidente da CNA, João Martins, em razão da demanda chinesa por café.
A diretora afirmou que o Brasil ainda tem conseguido, gradualmente, aumentar suas exportações de sorgo, gergelim e noz-pecã para a China e que, superando desafios logísticos, poderia explorar um grande mercado com a exportação de frutas.
Fonte: Globo Rural