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Paralisação de prefeituras

Prefeituras de diversas cidades de Pernambuco suspenderam serviços administrativos no mês de agosto (30/08), contra uma queda de mais de 20% nos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) somente em agosto deste ano. Esses valores são repassados pelo governo federal às cidades de todo o Brasil e são importantes fontes de arrecadação do orçamento anual municipal.

A paralisação foi apenas para os serviços administrativos e, segundo os municípios, não afeta serviços essenciais, como saúde e educação. A “greve” faz parte de uma mobilização nacional e, no estado, é coordenada pela Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe).

Os prefeitos protestam contra a queda do FPM e, também, contra a redução nas transferências do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) pelo governo do estado (entenda mais abaixo as reivindicações).

A Amupe disse que, até a última atualização desta reportagem, não tem um levantamento oficial de quantas prefeituras, mas a revista conseguiu confirmar que a paralisação ocorre pelo menos as seguintes cidades:

  1. Igarassu, no Grande Recife;
  2. São Lourenço da Mata, no Grande Recife;
  3. Moreno, no Grande Recife;
  4. Araçoiaba, no Grande Recife;
  5. Escada, na Zona da Mata;
  6. Paudalho, na Zona da Mata;
  7. Sirinhaém, na Zona da Mata;
  8. Caruaru, no Agreste;
  9. Surubim, no Agreste;
  10. Arcoverde, no Sertão;
  11. Serra Talhada, no Sertão;
  12. Afogados da Ingazeira, no Sertão;
  13. Exu, no Sertão.

O FPM é uma transferência constitucional da União para os municípios. Ou seja, um meio utilizado para o envio de recursos às cidades, tendo como principal critério o número de habitantes. Ele foi criado para proporcionar o desenvolvimento dos pequenos centros urbanos e auxiliar os grandes.

De acordo com a presidente da Amupe e prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado (PT), em Pernambuco, os pequenos municípios representam 70% do total de 184 cidades do estado, e são os mais afetados pela redução nos repasses do FPM e no ICMS.

O vice-presidente da Amupe e prefeito de Paudalho, Marcelo Gouveia (Podemos), afirmou que considera que os municípios estão “sufocados”.

“Desde a Constituição de 1988 os municípios são responsabilizados por serviços públicos e vários programas, incluindo serviços do SUS, Fundef [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério], Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação] e vários programas. O governo cria as leis, mas não diz de onde vêm os recursos e os municípios estão sufocados”, afirmou.

Segundo Marcelo Gouveia, durante o protesto, serviços essenciais de saúde, educação e limpeza urbana continuaram em funcionamento, mas as sedes administrativas permanecerão fechadas.

“Alguns municípios recebem o equivalente a R$ 0,36 por dia para pagar a merenda escolar de um aluno e R$ 20 mil para manter um posto de saúde por um mês, mas só o salário de um médico já tem esse custo. Se não tiver uma intervenção para socorrer os municípios num prazo entre 30 e 90 dias, muitas cidades vão colapsar, não vão ter como manter serviços essenciais de saúde e educação”, declarou.

Segundo a prefeita de Igarassu, Elcione Ramos (PTB), o movimento é uma forma de explicar à população a situação financeira dos municípios, e a necessidade de uma solução a curto prazo.

“A paralisação foi um consenso entre os prefeitos. Os problemas só mudam de endereço. Acho que muitos municípios do Brasil inteiro estão nessa dificuldade. Prefeitos que, se brincar, não vão conseguir pagar a folha deste mês, preocupados já com o décimo [terceiro salário] no final do ano. A gente só vem perdendo [receita] ao longo do tempo”, afirmou.

Segundo Elcione Ramos, somente as atividades essenciais foram mantidas. Na cidade, também foram penduradas faixas em apoio à paralisação em frente à sede da prefeitura. As faixas trazem textos como “aprovação do 1,5% do FPM já!” e “recomposição de perdas do ICMS é urgente!”.

“A gente paralisou praticamente tudo, menos educação e saúde. A prefeitura, a Secretaria de Finanças, de Administração, atividades de educação física. O campeonato que estava tendo na cidade a gente também cancelou, porque o pessoal de fora também tem que saber. O que a gente está fazendo não é nada contra ninguém, é a favor do povo”, disse.

Reivindicações

Entre as reivindicações dos prefeitos nordestinos estão:

  1. Aprovação da PEC 25/2022, pelo Congresso Nacional, com sanção pelo presidente Lula, estabelecendo um aumento de 1,5% no FPM;
  2. Recomposição das perdas com a arrecadação do ICMS;
  3. Redução da alíquota do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) para 8%;
  4. Liberação pelo governo de Pernambuco de recursos de emendas parlamentares e de convênios já firmados.

Solidariedade

A governadora Raquel Lyra (PSDB) falou sobre a situação das prefeituras de Pernambuco durante audiência pública sobre a reforma tributária em Brasília, quando pediu “um socorro emergencial do governo federal para os municípios”.

Em apoio à manifestação das prefeituras, a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) também decidiu suspender as atividades legislativas na quarta (30). Haverá apenas atividades administrativas; reuniões das comissões permanentes e a sessão plenária estão suspensas.
Da Redação/ Fonte: Diário do Nordeste, Jornal da Paraíba, G1

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