R$ 8 trilhões por ano até 2030

Crédito: Foto: Everton Amaro/Fiesp

Este é o montante necessário para o financiamento climático no Brasil, segundo especialistas e lideranças da indústria, setor financeiro e organismos internacionais que se reuniram em evento na Fiesp

Alex de Souza

A Fiesp recebeu, na manhã da segunda-feira 25/8, o evento “Desafios do Financiamento Climático em um Mundo em Transformação”, organizado em parceria com a Febraban e o Climate Finance Hub Brasil. O encontro reuniu representantes da indústria, do setor financeiro e de organismos internacionais para debater desafios e oportunidades diante das mudanças climáticas.

O presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, destacou o potencial brasileiro e lembrou que, no ano passado, apenas 13,5% da energia consumida no mundo vieram de fontes não fósseis, sendo 5% nucleares. “Isso significa que 86,5% ainda são de origem fóssil, o que mostra a magnitude do desafio que temos pela frente”, afirmou.

Segundo Josué, o Brasil está em posição privilegiada, com mais de 86% da energia elétrica proveniente de fontes renováveis. No entanto, reforçou a importância de que o país não aja isoladamente e lidere um esforço global.

“Podemos liderar a transição energética e oferecer soluções a outros países. Precisamos de equilíbrio para oferecer condições melhores a todas as pessoas. A transição é fundamental, e a Fiesp está fazendo sua parte, apoiando a descarbonização das empresas”, disse o presidente.

Quando se fala de mudança climática, de acordo com a ex-ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, é necessário entender que se trata de uma corrida contra o tempo. “Para quem pensa que as mudanças climáticas virão somente em 2100, é necessário acordar, porque a mudança já ocorreu no ano passado”, alertou.

Embora o Brasil seja provedor de soluções ambientais, também apresenta vulnerabilidades. “É importante entender claramente quais são os riscos climáticos e quais cadeias produtivas serão afetadas. Não adianta termos otimismo sem sermos pragmáticos”, disse Teixeira, que é copresidente do Painel Internacional de Recursos Naturais da ONU e presidente do Comitê Global de Sustentabilidade da Ambipar.

Por sua vez, o presidente do Conselho do Climate Finance Hub Brasil, Joaquim Levy, ressaltou o papel da inovação para induzir as transformações necessárias e diminuir a pegada de carbono. “Nós poderíamos reduzir em 40% o uso de gasolina, se adotássemos o motor híbrido, usando tecnologia nacional, e sem depender de importações”, afirmou.

Levy destacou ainda a importância da transparência na alocação de recursos e disse que “quando uma grande empresa assume compromisso ambiental, ela leva isso para toda a sua cadeia de fornecedores”.

Financiamento da transição – O evento contou com a participação do diretor executivo do Instituto Itaúsa, Marcelo Furtado, que avaliou os impactos dos eventos climáticos extremos. “Eles já são visíveis e estão aumentando em frequência e intensidade, e os negócios terão que responder a esse desafio”, afirmou.

Em contrapartida, Furtado ressaltou que esse cenário abre oportunidades. “Sem uma economia próspera não teremos recursos para financiar adaptação ou mitigar perdas. Devemos identificar riscos e oportunidades, mas também a definir o que fazer, como fazer e quando fazer”, observou.

Na visão de Thaís Ferraz, diretora programática do Instituto Clima e Sociedade (iCS), o momento exige execução coordenada. “Precisamos sair do discurso para a prática. A chave é planejar a transição, estimular práticas positivas e não dar estímulo a práticas que não estejam alinhadas com a agenda climática. E isso só será possível com a coordenação entre setor privado, setor financeiro e governo”, afirmou.

Por fim, o diretor executivo de Sustentabilidade da Febraban, Amaury Oliva, reforçou o potencial brasileiro para ser protagonista. “O Brasil tem condições de se tornar um hub global de soluções climáticas. Mas serão necessários mais de US$ 8 trilhões por ano até 2030 para financiar a transformação, e nenhum setor conseguirá arcar sozinho com essa conta. A ação coordenada é fundamental”, disse.

Para ele, os riscos também representam oportunidades. “O Brasil já é líder mundial em energia limpa e tem potencial único para ampliar o uso de biocombustíveis. Assim, o crédito pode e deve ser uma alavanca para o desenvolvimento sustentável”, finalizou.

Foto: Everton Amaro/Fiesp

Foto: Everton Amaro/Fiesp

Fonte: FIESP

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