fbpx

Pesquisa mostra intenções de voto para 2022

A ascensão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que apareceu na liderança das intenções de voto para a eleição de 2022 pela primeira vez na pesquisa EXAME/IDEIA divulgada nesta sexta-feira, 23, contou com um cenário que reuniu três eventos a seu favor: a queda da popularidade do presidente Jair Bolsonaro, a fragmentação da oposição ao centro e o retorno do ex-presidente ao debate público. A análise é do cientista político Jairo Nicolau, pesquisador do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea da FGV.

“A chegada de Lula pegou essa terceira via desorganizada e o presidente no pior momento. Essa combinação foi muito favorável para que Lula estivesse nesse patamar consistente”, avalia.

Logo depois da anulação dos processos que condenaram o ex-presidente pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin, no dia 10 de março, Lula fez um discurso no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, em que se apresentou imediatamente como candidato para 2022.

Estratégia de polarização
Segundo o fundador da empresa de pesquisa Ideia Big Data, Mauricio Moura, Lula é “favoritíssimo” a chegar ao segundo turno. “A questão principal a se observar será o movimento que o petista fará para conseguir apoio da maioria”, pondera.

Já o presidente Jair Bolsonaro tem um desafio maior para manter os cerca de 30% das intenções, aponta Moura, pois depende da oscilação de sua popularidade durante o mandato.

Nesta sexta, a pesquisa EXAME/IDEIA apontou que o presidente está com a maior desaprovação desde o início de seu governo, de 54%, e uma base de apoio em baixa, com aprovação de 25% da população.

Para o PT, no entanto, uma queda muito maior da popularidade de Bolsonaro até a eleição não seria positiva, pondera o analista. “Se Bolsonaro cair muito é ruim, porque aí a rejeição ao PT pode viabilizar uma terceira via. Se Bolsonaro subir também complica um pouco mais.”

Fim das coligações

O pleito de 2022 será a primeira eleição geral em que não serão permitidas coligações para candidaturas a cargos proporcionais — como deputado e senador. Os analistas explicam que a novidade pode tornar o caminho ainda mais tortuoso para candidatos que tentam competir contra Lula e Bolsonaro.

Sem a possibilidade da coligação para o lançamento de listas conjuntas entre partidos de candidatos a cargos proporcionais, a resistência em abandonar candidaturas à presidência pode ser ainda maior. Há menos incentivo para que partidos se aliem em torno de candidatos únicos à presidência, já que candidaturas majoritárias próprias podem impulsionar as siglas na disputa proporcional, apontam os especialistas.

“É um fator novo que vai dificultar ainda mais a ideia de uma aliança nacional. Para a terceira via é um momento muito delicado, não há nome óbvio, ninguém quer ceder e os dois vão se colocando na praça”, afirma Nicolau.

Início