Crédito: A maricultura é capaz de remover nutrientes lançados no oceano por outras atividades humanas. (Foto: Epagri/Divulgação)
A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e ganhou destaque como uma das responsáveis pela introdução da maricultura em Santa Catarina, junto com a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). O estado é responsável por 95% da produção nacional de moluscos (dados do IBGE) e tem 356 maricultores, gerando 1.500 empregos no processo produtivo, segundo dados do Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca da Epagri (Epagri/Cedap).
O pesquisador e biólogo da Epagri/Cedap, Felipe Matarazzo, que é egresso da UFSC (concluiu Mestrado na instituição em 1998) explica que o objetivo era proporcionar uma fonte de renda extra para pescadores artesanais. A Epagri e a UFSC seguem pesquisando e difundindo tecnologias para o setor até os dias de hoje. “Passados quase 45 anos, a atividade está presente em 12 municípios. Isso tornou Santa Catarina uma referência nacional como maior produtor de moluscos do Brasil”, comemora o pesquisador.
Na UFSC, as pesquisas realizadas na Estação de Maricultura Elpídio Beltrame (EMEB), do Centro de Ciências Agrárias (CCA), englobam cinco laboratórios: o Laboratório de Piscicultura Marinha (LAPMAR), o Laboratório de Peixes Ornamentais (LAPOM), o Laboratório de Moluscos Marinhos (LMM), o Laboratório de Camarões Marinhos (LCM) e o Laboratório de Cultivo de Algas (LCA). O LMM foi pioneiro, em parceria com a Epagri e produtores, na inserção do cultivo de moluscos no Estado.
Raulino de Souza Filho, conhecido também como Nino, começou a atividade em Palhoça, em uma casa de veraneio da família, na Praia de Fora em 2002. Hoje a empresa é a maior produtora de mexilhão do país, chegando a produzir de 700 a mil toneladas por ano. Nino começou a atividade com um sistema produtivo todo mecanizado, o que o tornou referência no estado. “Não conseguiria chegar até aqui sem a Epagri e a UFSC. Hoje Santa Catarina é conhecida pela produção de ostras e mariscos e eu tenho orgulho de fazer parte dessa historia”, ressalta.
As rotas gastronômicas, uma das referências turísticas e culturais de Florianópolis, foram criadas com o objetivo de valorizar o potencial turístico e agregar o valor na produção de moluscos na região. Segundo o pesquisador Felipe, a parceria entre a maricultura e a gastronomia possibilitou Florianópolis se tornar a primeira cidade brasileira a integrar um grupo de 69 cidades da rede mundial de cidades criativas da Unesco.
A maricultura também desempenha um papel ambiental, como a remoção de nutrientes no oceanos, originados por atividades humanas, e além das fazendas aumentarem a biodiversidade local. “O cultivo de algas e moluscos é considerado, por organizações internacionais de preservação ambiental marinha, como uma forma de aquicultura restaurativa. A aquicultura restaurativa ocorre quando a aquicultura comercial ou de subsistência fornece benefícios ecológicos diretos ao meio ambiente, com potencial para gerar resultados ambientais positivos líquidos”, explica o pesquisador.
Fonte: Com informações da Epagri e UFSC