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Cemig forma maior programa de investimentos de R$ 50 bilhões

O presidente da Cemig, Reynaldo Passanezi, está 100% focado em Minas Gerais Foto: Cemig/Divulgação. Fonte: O TEMPO

O presidente da Cemig, Reynaldo Passanezi Filho, esteve em Nova York, em missão governamental, mostrando o potencial da companhia

O presidente da Cemig, Reynaldo Passanezi Filho, esteve em Nova York, em missão governamental, mostrando o potencial da companhia. “A Cemig realiza hoje o maior programa de investimentos de sua história, em um total de R$ 50 bilhões em dez anos”, calcula Passanezi.

O executivo admite que a “Cemig passou muito tempo sem investir em Minas Gerais e agora estamos com nosso foco voltado para transformar as vidas da população mineira”. 

Em entrevista à coluna Minas S/A de O TEMPO, o presidente da Cemig fala sobre energia limpa, os investimentos em infraestrutura, as demandas dos diversos setores da economia em relação à estatal, o debate sobre a privatização e a tarifa de energia em Minas Gerais. 

Quais são os maiores questionamentos dos investidores nessas reuniões nos Estados Unidos em relação à Cemig e à capacidade de infraestrutura no setor elétrico de Minas?  

Atualmente, grande parte dos novos investimentos debatidos no mundo tem relação com a transição energética e com a busca por fontes renováveis de energia. Esse foi o principal tema das reuniões que tivemos na semana passada em Nova York, acompanhando a comitiva do Governador Romeu Zema.   
Nosso objetivo foi mostrar as vantagens comparativas do Brasil e particularmente de Minas na área de energia renovável e com isso atrair investimentos para o Estado, seja para geração de energia renovável, seja para instalação de indústrias intensivas em consumo de energia, que necessitam de energia limpa, confiável e a preços competitivos. Assim, trazemos toda a cadeia de energia verde para maior presença em Minas, desde os metais críticos, como lítio e nióbio, até as indústrias intensivas em consumo de energia, movimento conhecido como “powershoring”. O papel da Cemig é duplo nesse processo. Primeiro como provedor de energia renovável, a Cemig tem muito orgulho de dizer que tem uma matriz que já é 100% renovável. E segundo, como provedor de infraestrutura de rede de conexão, a Cemig realiza hoje o maior programa de investimentos de sua história, em um total de R$ 50 bilhões em dez anos, R$ 13,5 bilhões já investidos de 2019 a 2023 e mais R$ 36,5 bilhões a serem investidos de 2024 a 2028, 100% concentrados em Minas. 
 
 
A companhia passou a ter o mesmo rating, AA+.br em escala nacional, pelas três principais agências de classificação de risco, Moody’s, S&P e Fitch. Isso se traduz não somente na robustez da companhia como na atração de mais investidores? 
 
O atual rating da Cemig reflete o reconhecimento das transformações positivas e dos resultados obtidos pela empresa nos últimos anos, com a melhoria significativa dos seus indicadores financeiros e operacionais, bem como da gestão de risco da empresa. Um dos principais indicadores de solidez financeira é o índice Dívida Líquida / EBITDA. Esse índice diminuiu de um patamar que alcançou quase cinco vezes o EBITDA, uma situação pré-falimentar e que obrigou a companhia a emitir títulos em moeda estrangeira a juros muito elevados e com proteção parcial, para um índice atual inferior a uma vez o EBITDA, o que nos permitiu realizar uma emissão recente ao menor spread de risco na história da companhia. É essa solidez financeira que nos permite realiza o maior plano de investimentos de nossa história ao qual me referi, o que nos possibilita voltar a buscar ser indutora do desenvolvimento de Minas.  
 
No caso da Cemig, estão sendo investidos R$ 23 bilhões na infraestrutura de distribuição de energia. De onde estão saindo esses recursos?  

De forma geral, podemos dizer que isso se deve à melhor alocação de capital dentro de uma gestão responsável e criteriosa da companhia.  Hoje, podemos dizer que 100% do investimento da Cemig é focado em Minas Gerais. A empresa deixou de investir em ativos fora do estado – e temos muito orgulho de dizer que 100% de nosso investimento atual e planejado é em Minas Gerais – para que possamos voltar a ser indutora do desenvolvimento de Minas, gerando emprego e renda para mineiros e mineiras, além de oferecer um serviço com muito mais qualidade. Quero destacar dois programas que são exemplo dessa nova realidade, o Mais Energia e o Minas Trifásico. Este está ampliando em 30 mil quilômetros a rede trifásica no interior de Minas, fortalecendo a produção no campo, entendendo o agronegócio como uma atividade que precisa cada vez mais de mecanização e energia em maior quantidade. E o Mais Energia, com o qual estamos saindo de um cenário onde tínhamos 415 subestações em Minas e que, muito em breve, teremos 615. Essas instalações são fundamentais para ofertar energia em mais e maior qualidade para os clientes, além de atrair indústrias e oportunidades de negócios para Minas Gerais. 
 
 
Dos R$ 23 bilhões em investimento em infraestrutura de distribuição de energia pela Cemig, quanto já foi investido e quais são as regiões do estado que mais precisam desse investimento?  

A Cemig passou muito tempo sem investir em Minas Gerais e agora estamos com nosso foco voltado para transformar as vidas da população mineira. Esse montante será investido até 2028 e, nos três primeiros meses de 2024, já foram aportados cerca de R$ 1 bilhão; sendo R$ 861 milhões em distribuição, que é e será nosso carro-chefe. No próximo mês, já vamos inaugurar a centésima subestação do Mais Energia em pouco mais de três anos de programa. Para se ter uma ideia, entre 2009 e 2018, foram entregues à população mineira 50 instalações desse tipo, uma média de cinco por ano. Desde 2021, a média do programa é de 30 por ano. Ou seja, seis vezes mais. Estamos voltando ao protagonismo do setor elétrico brasileiro e, mais do que isso, a Cemig tem sido a indutora do desenvolvimento de Minas Gerais e contribuindo para a geração de renda e emprego para a população.  
 
Minas Gerais alcançou a marca de 8 gigawatts de energia solar no Brasil, seja por geração centralizada ou distribuída. Qual é o seu plano estratégico para continuar criando um ambiente de negócios favorável com a infraestrutura necessária que a Cemig precisa dar para Minas permanecer na liderança nacional de investimentos em energia limpa?  

O setor de energia é fundamental para a descarbonização no mundo. A sociedade só conseguirá mitigar as emissões com a liderança do setor elétrico. O termo da moda hoje é “powershoring”, que significa consumir energia próximo à geração de energia renovável. E o consumo de energia irá crescer. As grandes tendências do mundo são energia renovável para enfrentar as mudanças climáticas e inteligência artificial generativa. E elas estão interconectadas, não é possível crescer em inteligência artificial e avançar na descarbonização sem o correspondente aumento de oferta de energia limpa. E Minas é o melhor local para esse objetivo. A energia é que move o mundo e é a grande responsável pelo progresso. O Brasil está muito bem-posicionado nesse debate, assim como Minas Gerais. Segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), quase 90% da matriz energética brasileira é limpa. Em Minas Gerais, o patamar é de 96%, enquanto a Cemig tem um parque 100% limpo e renovável.  
 
O setor agropecuário mineiro tem reclamado muito das frequentes interrupções de energia nas fazendas, causando prejuízos constantes, como na rede de distribuição para inaugurar novas fábricas e outros investimentos. Quando a Cemig terá mais investimentos no meio rural?  

A Cemig tem uma rede de distribuição com mais de 540 mil km de linhas e mais de 80% desse sistema fica localizado em áreas rurais, que são locais de difícil acesso. Por isso, a maior parte do investimento recorde da Cemig, cerca de R$ 23 bilhões, será para a rede de distribuição. Até 2027, a Cemig vai destinar quase R$ 11 bilhões para atender esse importante ramo da economia mineira. Além disso, as 200 subestações que serão entregues pelo Programa Mais Energia vão contribuir para a resiliência da nossa rede de distribuição.  Mas, especificamente para o Agronegócio, os destaques são o Minas Trifásico e o Cemig Agro. O primeiro, como já disse, prevê a conversão de 30 mil quilômetros de rede monofásica em trifásica em Minas Gerais até 2027. E estamos com o Cemig Agro, que reúne uma série de iniciativas para melhorar o atendimento aos clientes rurais, reduzindo interrupções, o tempo de atendimento a ocorrências e oferecendo canais de atendimento, personalizados. O investimento para estas melhorias será, somente em 2024, de cerca de R$ 2,3 bilhões.  
 
Você é um defensor da privatização da Cemig nos moldes de uma golden share com direito de veto em decisões. Você acredita que a privatização da Cemig pode ser aprovada ainda no governo Zema ou o assunto esfriou nas esferas do governo por tantas resistências externas aos processos?  

Esse assunto cabe ao principal acionista da empresa, que é o Governo de Minas. À diretoria da Cemig cabe o trabalho pela melhoria constante da companhia, tornando-a cada vez mais eficiente na sua área de atuação. Desde o início da gestão Romeu Zema, as ações da companhia subiram mais de 380%. Além disso, estamos comprometidos em valorizar ainda mais a Cemig e ofertar um serviço de qualidade para os nossos mais de 9 milhões de clientes, por meio de investimentos recordes na história da empresa. 
 
Quando você fala que está 100% focado em Minas Gerais, quer dizer que a Cemig pode vender mais ativos e reduzir a participação dela em outras partes do país, levando-se em conta as 95 Sociedades e 49 Consórcios, além de ativos e negócios em 25 estados brasileiros e no Distrito Federal?  

O planejamento estratégico da Cemig é focar em Minas e vencer, o que implica desfocar do que é fora de Minas, sobretudo quando sob a forma de participações acionárias minoritárias. De fato, já realizamos mais de 80% do nosso programa de desinvestimentos, com a alienação de participações em empresas como Light, Renova, Santo Antônio, e recentemente Aliança Energia. A economia de caixa resultante dessas alienações é superior a R$ 13 bilhões a preços de hoje, em razão dos recursos recebidos de venda além da não necessidade de aporte de capital e dos créditos tributários associados a essas alienações. Toda esse economia de caixa tem sido dirigida para apoiar o programa de investimento que comentamos, que soma R$ 50 bilhões até 2028.   
 
Você considera que os mais de 9 milhões de consumidores, divididos entre 774 municípios mineiros pagam um preço justo pela conta de luz?  

Um ponto relevante da tarifa é o pagamento de subsídios pelos clientes, em especial os residenciais. No ano passado, de acordo com a Aneel, os clientes da Cemig pagaram R$ 2,7 bilhões em subsídios na conta de luz. Em algum momento, o Brasil vai precisar discutir esses incentivos pois eles oneram a conta, isso é um fato. Para além disso, a tarifa da Cemig, que é determinada pela Aneel, está em linha com a tarifa de outras concessionárias, em função da regulação e características da área de concessão. Do valor total, 74% destinam-se a cobrir encargos setoriais, tributos pagos aos Governos Federal e Estadual, compra de energia, encargos de transmissão e receitas irrecuperáveis.  

Fonte: O TEMPO

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