Um novo projeto na cidade de Suzano (SP) promete ser um marco na transformação de resíduos sólidos urbanos em energia. Após uma Parceria Público-Privada (PPP) entre a Prefeitura de Suzano e a concessionária Renova Suzano, por meio da empresa BAL Suzano, será implantada no município uma usina que transformará 9 mil toneladas de resíduos por mês em eletricidade. A planta receberá um investimento de R$ 160 milhões e terá capacidade de geração de 7 MWh. A expectativa é começar as obras nos próximos 12 meses, com o início de operação planejado para 2027. É o que afirma o executivo Luciano Infiesta, CEO da Geração de Energia por Resíduos (GER) – empresa que integra o consórcio responsável pela BAL Suzano.
“Com nossa tecnologia, podemos transformar os resíduos em três produtos: energia elétrica, gás combustível (para substituir o gás natural) e vapor industrial. Essa tecnologia é ideal para municípios com grandes consumidores de gás ou indústrias que demandam vapor, proporcionando um plano de descarbonização eficiente e competitivo, utilizando um passivo ambiental para gerar três utilidades”, declarou o executivo, que também é diretor da Carbogás Energia, empresa detentora de tecnologia que será adotada na usina. Infiesta revela ainda que estão sendo realizadas conversas para avaliar a possibilidade de instalação de plantas do tipo em outros pontos do estado. “O governo de São Paulo está interessado em entender nossos processos e tecnologia de gaseificação, e teremos agendas no Palácio dos Bandeirantes para apresentar mais detalhes”, concluiu.
Poderia apresentar uma visão geral da empresa e do projeto em Suzano?
A GER é uma holding composta por três empresas: Sigla Sinalização e Construções, Fortnort, e MPE Engenharia. A GER pretende ser a principal empresa de recuperação energética do Brasil. Para isso, buscamos uma tecnologia que realmente transformasse o passivo ambiental em ativo econômico. Por isso, fizemos uma parceria com a Carbogas Energia, uma empresa que desde a década de 70 detém uma tecnologia nacional e patenteada de gaseificação.
Esse projeto em Suzano é uma parceria público-privada (PPP) com o município de Suzano. Trata-se de um contrato de 30 anos, no qual todo o resíduo gerado será encaminhado para nossa planta de gaseificação. Esse empreendimento fará uma preparação prévia do resíduo, resultando em um combustível homogêneo chamado CDR. Esse CDR entra no nosso reator de gaseificação, é transformado em gás combustível e segue para o ciclo Rankine de geração de energia elétrica via caldeira, turbina e gerador.
Qual será a capacidade da usina?
No caso do projeto de Suzano, estamos trabalhando com um módulo que consegue processar 300 toneladas de resíduos sólidos urbanos por dia, ou 9 mil toneladas por mês. Em projetos futuros, é possível fazer módulos maiores.
Gostaria que detalhasse o cronograma de obras do projeto.
Já adquirimos o imóvel para a construção do empreendimento, com uma área de 43 mil metros quadrados. No momento, estamos consultando os órgãos públicos sobre o uso do solo e a distribuidora de energia elétrica, a EDP, para verificar a viabilidade de injetar na rede os 7 MWh de energia que serão produzidos na planta. Com essas respostas, vamos iniciar o licenciamento ambiental.
Nossa expectativa é começar a construção nos próximos 12 meses, com duração estimada em 17 meses. Planejamos iniciar a operação desse projeto em 2027. Durante a construção, teremos um pico de até 100 pessoas envolvidas, e na operação e manutenção, contaremos com 45 pessoas.
Seria interessante ouvir também os detalhes e vantagens da tecnologia usada para aproveitamento energético dos resíduos sólidos.
A tecnologia de gaseificação vem sendo aplicada mundialmente desde a década de 70. A Carbogas Energia foi fundada em 1976 especificamente para construir gaseificadores que usavam carvão mineral para produzir gás combustível, substituindo o GLP em fornos cerâmicos. Foram três décadas construindo equipamentos para a produção de gás alternativo, com 19 plantas no Brasil, duas na China e uma no Peru. A partir de 2007, migramos do carvão mineral para os resíduos sólidos industriais e urbanos.
A gaseificação, ao contrário da incineração ou queima direta, utiliza muito pouco oxigênio, operando de forma subestequiométrica. Isso evita a formação dos principais passivos ambientais gerados na queima direta, como dioxinas, furanos, NOx e SOx. A gaseificação trabalha a temperaturas em torno de 850 graus Celsius, na ausência de oxigênio, não propiciando a formação desses passivos. A tecnologia é intrinsecamente limpa, dispensando a necessidade de filtros, grandes dutos ou sistemas subsequentes para limpeza do gás, o que torna a instalação mais barata e ambientalmente segura.
Como se deu o processo de testes e certificação da tecnologia?
Desde 2007, estamos realizando diversos testes em nossa planta, em parceria com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, a Universidade de São Paulo (USP), White Martins e SGS, para comprovar que a tecnologia de gaseificação não emite os passivos ambientais da queima direta. Para entrar no mercado, obtivemos certificação internacional pela francesa Bureau Veritas, alcançando a nota TRL8, que indica que o sistema está completo e qualificado para uso industrial. Esse esforço culminou na parceria público-privada em Suzano para a construção da planta de 7 MWh.
Olhando para o futuro, existem outros projetos no horizonte?
Atualmente, temos duas PPPs assinadas: uma no interior de São Paulo, chamada Projeto CIVAP, um consórcio com 15 municípios; e o projeto com o município de Suzano. Ambos os projetos terão capacidade para 9 mil toneladas por mês de resíduos sólidos urbanos e geração de 7 MWh de energia elétrica.
Esses empreendimentos estão alinhados com um decreto recente do governador Tarcísio Freitas (foto à direita), que lançou o programa Integra Resíduos. Essa iniciativa exige o aproveitamento energético das 40 mil toneladas diárias de resíduos gerados em São Paulo. O governo do estado está interessado em entender nossos processos e tecnologia de gaseificação, e teremos agendas no Palácio dos Bandeirantes para apresentar mais detalhes.
Com nossa tecnologia, podemos transformar os resíduos em três produtos: energia elétrica, gás combustível (para substituir o gás natural) e vapor industrial. Essa tecnologia é ideal para municípios com grandes consumidores de gás ou indústrias que demandam vapor, proporcionando um plano de descarbonização eficiente e competitivo, utilizando um passivo ambiental para gerar três utilidades.
Fonte: Assessoria de imprensa – Petronotícias