Apoio à educação pública, estímulo à indústria de transformação, produtividade dos pequenos e médios empresários, aprovação da reforma tributária, conquista de mercados externos e protagonismo na economia verde. Esses serão os principais eixos de atuação da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) sob a liderança do presidente Josué Gomes da Silva. Em café da manhã com jornalistas, na sede da entidade, nesta quinta-feira (17/2), Josué delineou as linhas de ação dos quatro anos de seu mandato.
“O Brasil está em um ponto de inflexão e estamos vivendo o fim de uma era, que coincide com uma enorme preocupação dos países de se reindustrializar. Entendemos que a forma de reindustrializar o Brasil não é por meio do protecionismo e de incentivos fiscais verticais, mas por meio do aumento da produtividade, da tecnologia e na inovação”, analisou, ao explicar o que o motivou a concorrer à presidência da Fiesp.
“Quando fui convidado, pensei: ‘como um país com tanta riqueza como o Brasil pode ter 50 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza e uma indústria de transformação que perdeu tanto dinamismo nas últimas quatro décadas’”, refletiu.
Josué lembrou que o setor industrial hoje tem menos de 11% de participação no PIB nacional – e já teve 20%. “O Brasil se surpreenderia com a força e a capacidade da indústria de transformação em gerar emprego, renda e inovação, e reduzir as desigualdades”, afirmou.
Neste sentido, uma educação de qualidade é fundamental para a indústria avançar. Segundo ele, estimular e educação, sobretudo a educação profissional tecnológica, é fundamental para o processo de retomada do crescimento do setor. Por isso, ele adotou o mote “educação forte, indústria forte, país forte” para nortear a atuação da Federação. “Educação não é prioridade, é emergência nacional, e temos que aprender com fundações privadas que, há décadas, se dedicam a isso”, disse.
O presidente da Fiesp afirmou que a entidade vai “andar de mãos dadas” com instituições privadas, estados e municípios para apoiar o ensino público e reduzir as assimetrias causadas pela pandemia e que impactou de maneira dramática as crianças e os jovens mais vulneráveis. Sesi-SP e Senai-SP terão papel-chave na transformação da educação de São Paulo e na qualificação dos jovens brasileiros.
“Vamos ajudar as escolas públicas do estado a ter oferta de ensino profissional tecnológico”, disse o empresário. “Nossa meta é formar 20 mil jovens em tecnologia de última geração nos próximos quatro anos”, anunciou.
Ele também fez críticas duras ao governo Jair Bolsonaro, em um café da manhã com jornalistas. Disse que os livros de história contarão que o governo Bolsonaro foi o que mais atacou as instituições. “Atacou o Congresso, o Judiciário e até vocês, a imprensa”, disse. Mas afirmou também torcer para que, caso seja reeleito, o atual presidente passe a agir de forma diferente.
Incentivo aos pequenos e médios
O compromisso da Fiesp também se estende às pequenas e médias empresas industriais de São Paulo. Uma das metas da entidade é melhorar a produtividade de pelo menos 40 mil indústrias do estado.
“Primeiro, criaremos um grau de maturidade dos processos, produtos e pessoas para que essas empresas aumentem a produtividade e cheguem a um grau de digitalização”, afirmou o presidente da Fiesp. “Vamos ajudá-las a inovar, dando apoio e incentivos através do Senai-SP, fazendo parcerias com empresas e fundações israelenses e buscando sistemas de financiamento.”
Essa postura faz parte de uma estratégia de ampliar a conquista de mercados externos e a exportação de produtos de maior valor agregado, e que implica a aprovação de uma reforma tributária que traga alíquotas a patamares de outros países e de outros setores da economia.
“Experiências exitosas mostram que estados que baixaram as alíquotas tiveram aumento na arrecadação”, disse Josué. “As autoridades precisam ter coragem para acreditar nisso, e o setor financeiro tem que acreditar que isonomia tributária não vai causar um rombo financeiro.”
Economia verde também está na pauta da entidade. Josué acredita que o Brasil tem condições de liderar o mundo no processo de ‘descarbonização’, mas tem perdido protagonismo nesse campo.
“Hoje o Brasil é visto como um país que não cuida do meio ambiente, mas temos empresas que são líderes e estão bem classificadas em rankings internacionais nesse campo”, observou.
“O setor empresarial brasileiro não teme a discussão sobre a economia verde e nossa capacidade de geração de energia fotovoltaica, pelos ventos e pela biomassa mostram que temos todas as as condições de ser líder mundial nessa esfera”, completou.
Da Redação
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