Crédito: CNN Brasil
Nunes e Boulos se enfrentaram e subiram o tom em meio à patacoada protagonizado por Datena e Marçal
Em mais um circo travestido de debate eleitoral, o encontro promovido pela TV Cultura entre candidatos à prefeitura de São Paulo foi marcado pelo ridículo episódio protagonizado por José Luiz Datena (PSDB) e Pablo Marçal (PRTB). O apresentador agrediu o influenciador com uma cadeira depois de ser provocado.
Datena foi expulso do debate pelo uso de palavras de baixo calão e, obviamente, pela agressão. Marçal deixou o debate, alegando estar se sentindo mal, segundo o moderador do debate, o jornalista Leão Serva. A emissora justificou a expulsão baseando-se nas regras firmadas pela televisão junto às campanhas.
“O Datena não sabe nem o que ele fala aqui. Eles todos têm marqueteiros e gastam milhões, ele fica inventando conversa todas as vezes. Mas o Brasil quer saber, São Paulo quer saber: que horas você vai parar? Você não respondeu à pergunta”, iniciou Marçal.
“Você é um arregão. Você atravessou o debate esses dias para me dar um tapa e falou que queria ter feito. Você não é homem nem para isso”, continuou o ex-coach. Datena, então, partiu para cima do candidato do PRTB e agrediu Marçal com uma cadeira. Leão Serva, interrompeu a programação.
Desde o início do debate, Marçal mirava Datena. Ele trouxe uma suposta acusação de assédio sexual contra o candidato do PSDB em sua primeira pergunta e chamou o candidato de “Dapena”, entre outras provocações.
Depois da agressão, a Cultura interrompeu a programação e colocou no ar uma orquestra tocando Garota de Ipanema.
Voltando às estratégias de comunicação — como deveria ser qualquer debate: ocupando as primeiras posições das pesquisas à prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) desenharam uma estratégia de focar seus ataques entre si como ponto focal do debate.
Enquanto Boulos procurou escantear Pablo Marçal (PRTB) de suas interações enquanto o candidato esteve presente, Nunes manteve críticas ácidas ao empresário.
Tentando antecipar um eventual segundo turno, no primeiro embate entre os dois, Nunes focalizou a provocação sobre a posição de Boulos sobre entorpecentes, dizendo que o candidato do PSOL é a favor da liberação das drogas.
Boulos precisou gastar tempo para explicar suas posições sobre drogas, dizendo defender apenas a diferenciação entre usuários e traficantes.
Boulos acusou Nunes de mentir e levou a discussão para problemas da gestão do emedebista, falando de “coisas reais, não coisas imaginárias” e levantou acusações contra o atual prefeito.
Aproveitando a audiência da televisão, os dois candidatos aproveitam para convidar o eleitor a acessar suas redes sociais. Boulos acusou Nunes por tiro em boate; Nunes falou em invasões e depredações.
Numa estratégia de intensificar sua penetração junto a evangélicos, o prefeito citou Deus em sua primeira manifestação. Ele disse que a atual gestão “cumpre a legislação e determinações judiciais”.
A estratégia dos dois não é à toa. Se para o atual prefeito o cenário é mais “confortável”, Boulos tem motivos para “poupar” Marçal.
Segundo a última pesquisa Datafolha, publicada em 12 de setembro, o Nunes venceria Pablo Marçal com vantagem de mais de 30 pontos percentuais em um eventual segundo turno, por 59% a 27%. Contra Boulos, o prefeito teria 53% de votos ante 38% do psolista.
Contra Marçal, porém, Boulos aparece numericamente à frente — apesar do cenário de empate técnico apontado. De acordo com a Quaest, Boulos tem 40% dos votos ante 39% de Marçal em um eventual segundo turno entre os dois.
Tabata Amaral voltou a apresentar-se como uma candidata técnica e trouxe sua origem na periferia para o debate. Ela iniciou sua participação defendendo políticas para que a população de baixa renda possa morar em região central da cidade.
Candidata do Novo, Marina Helena focou em propostas sobre segurança pública e defendeu as câmeras corporais em guardas municipais. Ela voltou a tentar enveredar o encontro para um debate mais ideológico, trazendo assuntos como gênero e a defesa do impeachment de Alexandre de Moraes.
Em um encontro de nível lamentável entre os candidatos, as redes sociais foram insufladas por (mais) um triste corte que denota um grave momento da política — não só a de São Paulo, mas a brasileira como um todo. Carente de propostas, entre acusações e cadeirada, a população paulistana não se sabe o que será da cidade a partir do dia 1º de janeiro de 2025.
Fonte: CNN Brasil