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Transformação digital e cidades inteligentes

Por que as cidades não conseguiram responder à crise do coronavírus? Ou por que cidadãos ainda passam horas no trânsito, ou um mesmo local tem situações tão latentes de desigualdade e má distribuição de serviços?

O conceito de “cidades inteligentes”, as smart cities, virou quase folclórico ao ser muitas vezes associado a uma imagem um tanto quanto futurista, de metrópoles com portas que se abrem sozinhas a carros autônomos. Mas a pandemia — e a necessidade de reinventar os espaços para as próximas crises — tem feito esse debate ser urgente como nunca.

A constatação é clara para muitos lugares, no Brasil e no mundo: as cidades, como são organizadas hoje, estão frequentemente longe de “inteligentes”.

“Por mais que hoje todos se sintam familiarizados com a tecnologia, muitas vezes governantes e empresas não veem ainda como aplicá-la de fato nas cidades para melhorar a vida das pessoas”, diz Aleksandro Montanha, presidente do comitê de cidades inteligentes da Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC).

O tema de como aprimorar a estrutura das cidades foi um dos assuntos discutidos no Fórum Exame Infraestrutura, realizado em 9 de novembro em parceria com a Hiria. O evento trouxe especialistas e autoridades para discutir assuntos como espaços urbanos, saneamento, serviços e planos de infraestrutura, uma das grandes prioridades no pós-pandemia.

A digitalização é uma realidade sem volta, mas o Brasil precisa se planejar para não ficar para trás. A Abinc tem trabalhado em conjunto com autoridades para “tropicalizar” tendências que deram certo lá fora, usando parte da estrutura que já existe (como sensores já instalados nas cidades) para melhorar áreas como iluminação, mobilidade ou digitalização de serviços e dados públicos.

Uma das análises atuais do comitê de cidades inteligentes, por exemplo, é entender o caminho feito na distribuição de água e quais tecnologias seriam acessíveis para melhor gerenciar os recursos hídricos.

O Brasil também avançou alguns passos no debate no ano passado, quando foi divulgada a Carta Brasileira para Cidades Inteligentes, com participação do Ministério do Desenvolvimento Regional e de representantes de governos locais como a Confederação Nacional de Municípios.

O objetivo é embasar uma agenda que oriente ações governamentais de infraestrutura urbana diante da digitalização, por meio do tripé econômico, social e ambiental.

O leilão do 5G anunciado no mês de novembro também é visto pelo setor como uma boa notícia, o que deve ampliar as possibilidades de soluções urbanas. “Mas o conceito da cidade inteligente não é buscar soluções faraônicas só pelo marketing: é observar o que existe de problema e quais tecnologias podem ser usadas para resolvê-los”, diz Montanha, da Abinc.

Eficiência

Em 2050, estima-se que cerca de 70% da população mundial viverá em cidades. Com mais cidadãos para servir e um clima que está se degradando rapidamente, a eficiência do serviço público e o uso eficaz de recursos estão se tornando questões urgentes para as cidades.

As grandes empresas de tecnologia falam muito sobre como as soluções para esses problemas podem ser encontradas por meio de suas novas tecnologias inovadoras; no entanto, embora as ferramentas técnicas sejam realmente necessárias, as cidades devem garantir que sua estratégia de cidade inteligente seja holística, multifacetada e, o mais importante, centrada no cidadão, se quiserem que seus esforços tragam resultados frutíferos. 

“Soluções inovadoras para cidades inteligentes, desde plataformas de intercâmbio conduzidas por cidadãos com base na área até sistemas de iluminação inteligente em toda a cidade, estão transformando os lugares que conhecidos como lar em todo o mundo, beneficiando governos, cidadãos e o meio ambiente de inúmeras maneiras.”, afirma Thomas Müller, Cofundador da Bee Smart City.

Para ele, uma abordagem contextualmente adaptada e centrada no cidadão, usando recursos humanos e tecnológicos, pode trazer vários benefícios para os municípios, particularmente aqueles que estão lutando com problemas específicos – como sistemas de gestão de resíduos ineficientes, falta de participação cívica ou tráfego e congestionamento. Nesta matéria de capa, a Revista Prefeitos & Governantes examinou vantagens do desenvolvimento de cidades inteligentes, bem como seus principais benefícios.

Cidade para todos

O termo “cidades inteligentes” se popularizou sobretudo nas últimas décadas com o avanço da conectividade. Na prática, um dos objetivos originais é ampliar a infraestrutura de tecnologia e aplicá-la para resolver (ou amenizar) problemas nos espaços urbanos.

O Brasil, é claro, tem muito a avançar mesmo no mero oferecimento de estrutura tecnológica. Muito longe do 5G, mais de 40 milhões de brasileiros ainda não contam com acesso à internet. Quando existe, a qualidade da conexão também não é ideal, impactando o setor produtivo.

O presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Mauricio Claver-Carone, estimou serem necessários aportes de 20 bilhões de dólares para que o Brasil atinja níveis de conectividade da OCDE, organização de países desenvolvidos.

Mas a análise sobre cidades inteligentes também vem sendo ampliada por pesquisadores, autoridades e estudiosos em todo o mundo, que apontam que, mais do que o emprego de tecnologia, é crucial garantir que as cidades trabalhem em prol de seus moradores, e não contra eles.

Por isso, a Unesco aprimorou o conceito para “Cidades MIL” (da sigla Media and Information Literate Cities, em inglês), que chama de uma “fortificação” das cidades inteligentes.

“Se uma cidade consegue gerar muita inovação, mas essa inovação está concentrada em um só grupo social, se não tem diversidade nas lideranças de suas startups, se não há acesso a serviços para todos, então o trabalho não está feito”, diz Felipe Chibás Ortiz, representante para América Latina e Caribe da Unesco MIL Alliance.

Ortiz, que nasceu em Cuba e vive em São Paulo como pesquisador do Programa de Integração Latino-americana da USP (Prolam), foi um dos organizadores do livro From Smart Cities to Mil Cities (“Das cidades inteligentes às cidades MIL”, em tradução livre). O especialista da Unesco aponta que o enfoque da tecnologia no conceito de MIL Cities, nas experiências bem sucedidas pelo mundo, tem como norte os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, como o combate à fome e à desigualdade e o acesso à educação.

Para chegar lá, a teoria aponta cinco agentes de inovação para as cidades: governos, agentes de inovação privados, a academia, artistas e o cidadão — este último, talvez o mais importante entre todos.

“É importante perguntar ao senhor que pega o metrô e demora 1h30 para chegar ao centro, à senhora que não consegue colocar comida na mesa: quais são os problemas da cidade?”, diz Ortiz. “E eles vão falar coisas totalmente diferentes do que falam todos os outros agentes.”

“Mais inteligentes”

Globalmente, uma série de organizações tenta classificar quais cidades se saem melhor nos diferentes conceitos de smart cities, e que exemplos podem ensinar ao mundo.

Lugares menores em países desenvolvidos, como Zurique, na Suíça, Helsinque, na Finlândia e a ilha de Singapura (que é um país de 5 milhões de habitantes, não uma cidade), foram as líderes no último Smart City Index, da consultoria Institute for Management Development e da Universidade de Tecnologia e Design de Singapura.

No já tradicional ranking Cidades em Movimento da IESE Business School, na Espanha, capitais europeias como Londres, Paris, Copenhague e Amsterdã também estão no top 10, além de Nova York, nos EUA, e Tóquio, no Japão, elogiadas por sua capacidade de fazer uma cidade funcionar mesmo com grande número de habitantes.

Muito além da tecnologia, os rankings analisam fatores como transporte público, trânsito de carros, segurança, acesso a serviços de saúde e educação, oportunidades de emprego e transparência governamental, incluindo com uma gestão mais participativa.

Se bem azeitados, esses fatores conseguem ampliar a capacidade de inovação de uma cidade, diz Caio Bianchi, professor e pesquisador da ESPM na área de inovação internacional.

Parte da literatura acadêmica já trabalha com o conceito de “cidades criativas”, diz Bianchi. “A pergunta aqui não são só as aplicações tecnológicas, mas qual estrutura uma cidade tem que faça com que indivíduos e a sociedade tenham mais interação, conexão, e partir disso é que a matéria prima da inovação acontece.”

Em parte por sua riqueza cultural e de oportunidades em várias áreas, São Paulo (SP) liderou no ranking brasileiro Connected Smart Cities, feito pelas empresas de inteligência de dados Necta e Urban Systems com base em dados como do IBGE.

Em seguida vieram cidades como Florianópolis (SC), Curitiba (PR), Campinas (SP) e Vitória (ES). O ranking tem muitas cidades que não são necessariamente capitais, como Niterói (RJ), São Caetano do Sul (SP), Itajaí (SC), Eusébio (CE), entre outras.

“É claro que podemos questionar, poxa, por que tal cidade é vista como boa se eu moro aqui e tem tantos problemas urbanos?”, diz Montanha, da Abinc. “Há muita coisa já acontecendo para resolver essas questões, e não só nos grandes centros, mas também nas pequenas cidades. É preciso reconhecer os problemas e continuar avançando.”

Nem sempre as empreitadas bem sucedidas em um lugar podem ser replicadas exatamente, com aspectos culturais e especificidades em jogo. Mas Bianchi, da ESPM, aponta que um fator fundamental, que une todas as boas iniciativas no mundo, é garantir que a cidade seja capaz de ouvir os cidadãos.

Um exemplo próximo ao Brasil é o de Medellín, na Colômbia. Marcada por desigualdade e sendo por anos centro do cartel do narcotraficante Pablo Escobar, a cidade passou por um reconhecido processo de reinvenção nas últimas décadas, com investimento em educação e mobilização social dos habitantes.

Ainda há na cidade muitos dos mesmos desafios econômicos e sociais que marcam a América Latina. Mas dentre os pontos elogiados no processo de reformulação de Medellín estão as decisões participativas com comitês locais e o cidadão colocado no centro, diz Bianchi, que estudou o caso colombiano. “A própria sociedade foi elegendo líderes locais com os quais se identificava, e o governo conseguiu abrir espaço aos moradores para entender quais eram as prioridades na hora de usar o orçamento público.”

“Em todas as cidades, é preciso saber onde os cidadãos estão, por que moram onde moram, onde estão trabalhando, do que realmente precisam”, diz. O debate precisará continuar em um mundo pós-pandemia, conclui Bianchi. “A melhor maneira de reagir às crises – e teremos outras como essa – é entender os habitantes.”

A previsão

Um relatório publicado pela ABI Research em 2017 previu que as tecnologias de cidades inteligentes poderiam economizar para empresas, governos e cidadãos em todo o mundo mais de US $ 5 trilhões anuais até 2022. De fato, aumentando o uso de automação, inteligência artificial, compartilhamento de dados, análises e sensores por tanto as empresas quanto as autoridades estão melhorando maciçamente a eficiência das operações públicas e comerciais, levando a uma enorme economia de custos.

A cidade de Barcelona, ​​por exemplo, economizou mais de 75 milhões de euros ao adotar água inteligente orientada para IoT, iluminação e muito mais em 2014.

Os cidadãos também podem se beneficiar financeiramente com as cidades inteligentes. Modos de transporte mais inteligentes e ecológicos, como bicicleta e compartilhamento de carros elétricos, e tecnologias que tornam as viagens mais eficientes, como Waze e Citymapper, economizam tempo e dinheiro. Os próprios cidadãos também fomentam o desenvolvimento de cidades inteligentes, economizando dinheiro uns aos outros, por exemplo, por meio de aplicativos de troca e plataformas baseadas no conceito de economia circular / compartilhada – como Olio e Depop no Reino Unido, Wallapop em Barcelona e Jaspr em Berlim.

As redes 5G serão a base para a conectividade entre as aplicações portanto, um elo fundamental para máquinas automatizadas, carros autônomos, cidades inteligentes e muitas outras coisas – em outras palavras – um mundo conectado. A nova tecnologia é a próxima geração de rede móvel. Sua baixa latência (tempo que um sinal leva para ser enviado de um computador para outro) e maior velocidade de conexão proporcionarão cobertura mais eficiente, possibilidade de maior volume de transferência de dados e maior número de conexões simultâneas. 

Desta forma, o 5G apresenta aos municípios uma oportunidade de oferta de serviços inovadores e, consequentemente, irá gerar novas oportunidades de receita e experiências totalmente novas. Além disso, irá acelerar a transformação digital, com a disseminação da Internet das Coisas (IoT), em um ecossistema transformador que combina Big Data e Cloud, realidade aumentada (AR) e realidade virtual (VR), máquinas autônomas e inteligentes, computação distribuída e inteligência artificial para derivar insights de dados que são gerados por bilhões de dispositivos conectados.

Neste contexto faz sentido considerar que a informação geográfica é essencial para o desenvolvimento de redes 5G. A análise geográfica é essencial para o planejamento da infraestrutura de antenas 5G, por exemplo, as frequências mais altas do 5G – que são necessárias para transportar grandes quantidades de dados – têm alcance muito curto e mais sensível a barreiras físicas, que exigirá uma rede de telecomunicações mais densa – torres posicionadas de forma mais seletiva e estratégica. O sinal do 5G é tão sensível que pode ser bloqueado por um prédio ou mesmo por uma árvore. 

Além disso, informações precisas sobre a localização ajudam governos a projetarem melhores cidades, concentrar os serviços públicos e se envolver com os cidadãos. E, à medida que as cidades ficam mais inteligentes, muitos desses dados de localização precisam ser tratados em tempo real.

A chegada da tecnologia transformará ainda mais a economia e a sociedade brasileira e abrirá um sem-fim de oportunidades para a inovação, a inclusão social e a geração de novos negócios. O 5G revolucionará o mundo onde humanos e máquinas terão um nível de interação nunca visto antes. 

No Brasil

O bem-sucedido leilão do 5G, realizado nos dias 4 e 5 de novembro, inaugurou uma nova etapa do setor de telecomunicações no Brasil. A nova tecnologia permitirá uma verdadeira revolução na forma em que o mundo opera hoje. Contudo, já há muito que pode ser feito enquanto o 5G não começa a operar. Smart Cities também comportam aumento de eficiência no atendimento aos cidadãos, com processos e fluxos de trabalho mais ágeis e conectados. Nesse sentido, o Ranking de Serviços de Cidades Inteligentes, elaborado pela Conexis Brasil Digital e pela Associação Brasileira de Infraestrutura para Telecomunicações (Abrintel), avalia, entre os 100 maiores municípios brasileiros em população, aqueles que estão ofertando serviços considerados inteligentes ao cidadão, utilizando os meios digitais.

São considerados serviços utilizados diretamente pelo cidadão nas áreas de mobilidade urbana, e-gov, saúde, educação e meio ambiente. Uberlândia foi a primeira colocada no ranking geral, seguida por Campo Grande, a capital mais bem avaliada. Fortaleza, Santo André e Belo Horizonte aparecem na sequência; ao lado oposto, Teresina figura na 98ª colocação, a capital com a pior avaliação.

As cidades que não têm serviços inteligentes precisam se modernizar e ter leis e processos que favoreçam a conectividade. Um dos fatores mais importantes se refere à facilidade para instalação de antenas. Em alguns locais, o procedimento pode levar meses até que haja a autorização, e muitos pedidos ficam parados nas prefeituras, atrasando a digitalização das regiões.

Há outro ranking elaborado pela Conexis que elege as cidades amigas da internet, que são justamente aquelas que têm leis atualizadas e com menos burocracia nos processos de licenciamento para a instalação de antenas e infraestrutura de telecomunicações. Novamente Uberlândia se destacou no último ano e acumulou a primeira colocação, seguida por São José dos Campos e Porto Alegre, Curitiba e Cascavel.

A iminente chegada do 5G torna a questão ainda mais importante, visto que a tecnologia requer uma quantidade de antenas até 10 vezes maior do que o 4G. A nova geração de transmissão de dados tem o potencial de alavancar de forma exponencial a qualidade da prestação de serviços nas cidades. Houve um esforço muito grande das empresas, do Ministério da Comunicação, da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e do Tribunal de Contas da União (TCU) para que o leilão de frequência permitisse altos investimentos em conectividade.

Chegou o momento, portanto, de os municípios fazerem a sua parte. Há uma minuta de lei padrão à disposição das cidades para facilitar a aderência das leis municipais à Lei Geral de Antenas e permitir a instalação célere da infraestrutura. O edital do 5G prevê sua chegada nas capitais até julho de 2022; contudo, apenas 7 delas têm hoje as regras adequadas para isso. Cidades inteligentes combinam com agilidade, e não com burocracia.

Mas, se por um lado aqui no Brasil as coisas ainda precisam de mais tempo para caminhar e se desenvolver, lá fora, parece que anda a passos bem rápidos. Confira o que as áreas que a Prefeitos & Governantes elencou e que poderão ser transformadas nos próximos anos.

Utilidades: Aplicações de Smart Grid, iluminação inteligente no outdoor e indoor, Robôs com vídeo streaming em tempo real para inspeção, diagnóstico, reparação e operações – especialmente para locais de difícil acesso ou de risco.

Saúde: Tele emergência de serviços médicos e no longo prazo robôs cirúrgicos

Educação: AR/VR em aulas práticas e treinamentos, Interação entre estudantes e máquina, Desenvolvimento do EAD

Manufatura: máquinas conectadas, Otimização e monitoramento de processos produtivos, Operação remota/centralizada

Governo: Cidade inteligentes, Gestão inteligente do tráfego, Transporte público autônomo, Segurança e vigilância por sensores com vídeo HD e autocomunicações.

Agronegócio: Conectividade e gerenciamento de máquinas e ferramentas, Operação remota/centralizada, Treinamento

Transporte: O Brasil ainda está distante de alguns países desenvolvidos no que diz respeito à adoção de soluções de Internet das Coisas (IoT), mas o ecossistema está se desenvolvendo rapidamente em áreas como agricultura, smart cities, utilities, transporte etc.

Seul e o metaverso

A cidade de Seul será a primeira cidade a acessar os serviços públicos por meio do metaverso. A capital da Coreia do Sul anunciou que, a partir de 2023, diversos serviços públicos estarão disponíveis no ambiente virtual – o mesmo vale para eventos culturais com apoio governamental. Se o projeto for bem-sucedido, residentes do município poderão preencher formulários de órgãos públicos e passar por lugares históricos usando óculos de realidade aumentada (VR).

A prefeitura investiu 3,9 bilhões de wons (US$ 3,3 milhões) no projeto, que integra o plano de 10 anos do prefeito Oh Se-hoon para melhorar a mobilidade social e ampliar a competitividade global da metrópole. A ação também faz parte do “Digital New Deal” da Coreia do Sul, um projeto nacional para adotar ferramentas digitais e de inteligência artificial, com o objetivo de aprimorar a infraestrutura local.

A plataforma usada para o metaverso será desenvolvida pelo próprio governo até o fim de 2022. Ela hospedará funções públicas, como um escritório virtual do prefeito, e espaços para negócios, como uma incubadora de fintechs e uma organização de investimento público. 

O lançamento do “Metaverse Seoul” será feito até o fim de 2022, disse o governo, que adiantou que a implantação do metaverso na cidade será feito de acordo com um plano de cinco anos detalhado pelo governo.

O metaverso é um termo amplo, que basicamente faz referência a mundos virtuais que podem ser acessados por meio de realidade virtual ou realidade aumentada. No metaverso, ativos e “terrenos” virtuais podem ser comprados usando dinheiro real ou criptomoedas, explica a Reuters.

O primeiro passo será integrar toda administração do município no ecossistema do metaverso. Isto inclui a parte econômica, educacional, cultural e o serviço de atendimento ao cidadão.

Já em 2023, a cidade pretende ter uma versão virtual da prefeitura, onde cidadãos poderão ir para se encontrar com o avatar de autoridades para resolver problemas ou fazer consultas, algo que no momento só é possível visitando fisicamente edifícios do governo.

O Metaverse Seoul também terá sua própria versão de grandes eventos anuais, como o ano novo. Haverá ainda uma “sala do prefeito” virtual e serviços para quem quer investir na cidade, anunciou a prefeitura.

A prefeitura espera que movendo a cidade para o metaverso, será possível ainda atrair turistas, que poderão assistir aos eventos culturais da cidade de qualquer lugar do mundo. Inclusive, no metaverso serão recriados marcos históricos da cidade que se perderam no tempo.

Esta não é a primeira vez em que Seul se posiciona na vanguarda da implementação de novas tecnologias em cidades. A cidade já anunciou que planeja utilizar inteligência artificial para gerir seu sistema de água e esgoto, por exemplo.

Chatbots com inteligência artificial também estão sendo usados para atender cidadãos com questões diversas, que podem ir desde reclamações sobre serviços municipais até informações sobre protocolo para Covid-19.

A cidade também instalou neste ano sensores por todo o seu território para colher dados sobre tráfego de veículos, segurança pública e questões ambientais. Os dados são todos enviados para uma central de operações única.

O esforço da cidade sul-coreana vem em meio a um movimento forte de empresas de tecnologia como Microsoft, Meta (controladora do Facebook) e outras para criar sua versão do metaverso. Se a iniciativa de Seoul der certo, isso pode incentivar outras cidades ao redor do mundo a fazer o mesmo, tirando das mãos das gigantes de tecnologia o poder sobre o futuro do metaverso.

Editado por Diana Bueno

Com informações da Agência Brasil, Prefeitura de São Paulo, Prefeitura de Seul, Meta

Da Redação

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