Após ser escolhida para um estudo inédito de vacinação em massa contra a Covid-19, Serrana, na região metropolitana de Ribeirão Preto, já projeta ser pioneira também na reabertura de escolas, comércio e indústria.
O chamado projeto S, idealizado pelo Instituto Butantan, que consiste em analisar o impacto e a eficácia da vacinação na redução de casos do novo coronavírus e no controle da pandemia, será concluído neste domingo (11) no município.
Para a prefeitura, apesar de os resultados preliminares só serem divulgados em maio, a vacinação já mostrou sinais positivos em Serrana, que já faz planos de quando poderá reabrir suas atividades econômicas e educacionais e avalia que 2021 não será um ano perdido.
Nesta quinta-feira (8), por exemplo, não houve registro de casos suspeitos da Covid-19, segundo a prefeitura, e a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) não tem nenhum paciente intubado —cenário que foi comum até 20 dias atrás. Na Santa Casa, também nesta quinta, havia cinco pacientes em estado moderado na enfermaria, conforme a administração.
Já no Hospital Estadual de Serrana, os 16 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) estavam ocupados, inclusive com pacientes intubados.
Em 12 de fevereiro, cinco dias antes do início do projeto do Butantan, Serrana contabilizava 2.470 casos da doença, com 57 óbitos. Nesta quinta, chegou a 3.557 casos do novo coronavírus, com 80 óbitos.
“O clima é de esperança de que 2021 seja o ano de vida e da cura, e que possa ser o início de uma retomada econômica, social e educacional. Queremos tratar a cidade depois, por ter esse projeto de vacinação em massa, para que não seja só referência na vacinação, mas também na retomada de aulas presenciais nas escolas, no comércio, na indústria. Enfim, um modelo global, não só na vacinação”, disse o prefeito Léo Capitelli (MDB).
No final da aplicação da primeira dose aos quatro grupos nos quais a cidade foi distribuída, a projeção inicial era vacinar 80% da população-alvo. Mas foram imunizados 97,3% dos moradores.
O próprio prefeito admite que é cedo para que seja feita a relação entre redução no número de casos com a vacinação, mas diz que, em comparação com três semanas atrás, há indícios de que “algo diferente” está acontecendo na cidade.
Prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira (PSDB) disse que a vacinação em Serrana será, também, um fator minimizador de proliferação regional da Covid-19. “Depois de Sertãozinho, Serrana é a cidade mais populosa vizinha a Ribeirão Preto”, disse.
Com 45 mil habitantes, Serrana tem, conforme a prefeitura, entre 15 e 20 mil pessoas que trabalham em Ribeirão ou em outras cidades da região metropolitana diariamente e que estarão imunizadas.
Um dos coordenadores do estudo em Serrana, o médico Marcos Borges, professor da FMRP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto), da USP (Universidade de São Paulo), disse que os resultados serão esperados a partir do fim da segunda semana após a aplicação da segunda dose.
“Há uma série de parâmetros a serem analisados. A cidade tem notado que os atendimentos na UPA se reduziram, assim como a gravidade. Nós, enquanto pesquisadores, não fizemos a análise desses dados. Aparentemente, está havendo redução, mas precisamos de mais semanas para tirar a conclusão”, afirmou.
De acordo com o Butantan, os participantes do estudo serão acompanhados por um ano. O encerramento da vacinação em massa, na noite de domingo (11), contará com uma cerimônia em Serrana envolvendo profissionais de saúde e o diretor do instituto, Dimas Covas.