A Polícia Federal (PF) realizou nesta quarta-feira (22/03) uma operação para contra membros da facção criminosa PCC suspeitos de planejar o assassinato e sequestro de autoridades, informou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, à revista Prefeitos & Governantes, durante entrevista, no almoço do Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP). O ex-juiz e atual senador Sergio Moro era um dos alvos do grupo. “O que nós fizemos cumprindo a lei foi proteger a vida de nosso adversário, é bom deixar isso claro”, afirmou o ministro Dino.
Batizada de Sequaz, a operação cumpriu 24 mandados de busca e apreensão e 11 de prisão no Paraná, São Paulo, Rondônia, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul. Ao menos, nove suspeitos já foram presos e dois continuam foragidos. Também foram apreendidos uma moto e um carro, ambos da marca BMW no valor estimado de mais de R$ 500 mil, maços de dinheiro, relógios de luxo e colares de ouro.
Segundo a PF, o grupo “pretendia realizar ataques contra servidores públicos e autoridades, incluindo homicídios e extorsão mediante sequestro, em pelo menos cinco unidades da federação”. A Polícia Federal apurou que os ataques poderiam ocorrer de forma simultânea.
Confira outras informações sobre o caso na entrevista a seguir:
Revista Prefeitos & Governantes: Como você avalia o resultado dessa ação da Polícia Federal?
Ministro Flavio Dino: Foram feitas uma série de prisões, essas prisões acabam por desarticular esse planejamento criminoso, que infelizmente havia em vários estados, inclusive em São Paulo. Ao mesmo tempo foram feitas muitas apreensões de muitos elementos de provas, como documentos, dinheiro, cadernos de anotações, armamentos. Elementos esses que são fundamentais para a conclusão de inquérito. Então juridicamente falando a Polícia Federal cumpriu uma etapa, com muito sucesso. Agora há uma etapa de análise desse material. Análise para que nós possamos inclusive desdobrar essa investigação. A essa altura não se sabe sequer quantos eram os alvos. Mostrando que era uma ideia não apenas de retaliação, mas de intimidação do Estado.
Revista Prefeitos & Governantes: Há um cenário desafiador para agentes públicos do Brasil? O senhor se sente confortável nesse momento?
Em primeiro lugar precisamos manter uma atitude de respeito e solidariedade entre os agentes públicos, de modo geral, independentemente das divergências políticas. Em segundo lugar, manter uma atitude de fidelidade à verdade, repudiando manipulações e fake news. Em terceiro lugar, unirmos as nossas inteligências, os três Poderes, para que possamos enfrentar esse fenômeno que vem de algumas décadas que é a afirmação desta macro criminalidade que tem poder de planejar e iniciar a execução de um plano em vários Estados, envolvendo vários agentes, mostrando que é uma organização criminosa capitalizada, e exige uma ação estatal de modo geral.
Revista Prefeitos & Governantes: Foi coincidência a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem (21/03), quando ele lembrou o tempo que ficou na prisão e dizia estar desconfortável com o então magistrado Sérgio Moro?
Ministro Flavio Dino: A orientação do presidente Lula é muito clara e nós temos cumprido à frente do Ministério da Justiça, no sentido de que a Polícia Federal deve atuar de acordo com a lei sem olhar destinatários, nem no sentido de proteger ilegalmente ou de perseguir quem quer que seja. Esses fatos de hoje comprovam cabalmente que é vil e abjeta a tentativa de vincular dois eventos totalmente distintos. Uma coisa é o debate político que nós tivemos, temos e teremos com hoje o senador Sergio Moro. Tão logo eu recebi a notícia, que determinei a Polícia Federal para que tomasse as providências cabíveis nesse caso.
Revista Prefeitos & Governantes: Ministro, o senhor conversou com o senador Sergio Moro depois que soube dessa situação há 45 dias?
Ministro Flavio Dino: Na verdade em relação às investigações não me cabe fazer a direção da investigação e nem a comunicação a quem quer que seja. É claro que hoje o senador Sergio Moro sabia do trabalho da PF, mas eu me reportei à instância institucional. Eu sou ministro da Justiça, não sou delegado da Polícia Federal e portanto não me cabe conduzir investigação, nem o tempo de diligências de investigações.
Edição do Texto: Diana Bueno
Texto atualizado às 17:06, 21/03/2023