O titular da pasta deu um balanço do primeiro semestre no ano letivo das escolas, assim como uma visão geral sobre a gestão das regionais
Em entrevista, o secretário de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul, Hélio Daher, fez um balanço do primeiro semestre no ano letivo de MS. Entre os destaques, o titular da pasta afirmou que o Governo vem trabalhando que 100% dos municípios tenham escolas em tempo integral. “Neste momento, já estamos oferecendo ensino integral em 50% de nossa rede, abrangendo 71 municípios”, detalha. Confira a entrevista na integra:
Como o senhor avalia o primeiro semestre letivo na Rede Estadual de Ensino (REE) em Mato Grosso do Sul?
Hélio Daher: No primeiro semestre, enfrentamos desafios e superamos questões delicadas, como a violência nas escolas. Agora, com a situação mais tranquila, é hora de refletirmos sobre nossas conquistas. Mesmo em meio à pandemia, nossa rede obteve êxito. Nossos dedicados professores e diretores garantiram um semestre proveitoso, e agora estamos iniciando ações para fortalecer a aprendizagem. Acreditamos no sucesso da nossa rede e buscamos melhorias para que o segundo semestre seja ainda mais focado no aprendizado dos estudantes.
Como que a secretaria hoje está observando o desempenho dos alunos da REE?
Hélio Daher: A educação pública enfrenta desafios significativos para melhorar o aproveitamento dos alunos, e entre esses desafios, destaca-se o abandono e a evasão escolar. Esses fatores têm uma influência direta no desempenho acadêmico dos estudantes. Quando os alunos têm dificuldades na aprendizagem, normalmente buscam aprimorar-se e melhorar seu rendimento, mas, infelizmente, alguns podem ser desencorajados a continuar os estudos e acabar desistindo da escola.
Assim, as escolas têm um importante trabalho a ser realizado, que consiste em identificar os estudantes que precisam melhorar seu aproveitamento, de forma a evitar que cheguem ao final do ano com risco de reprovação. Recentemente, foi desenvolvido um trabalho nas escolas, no final do semestre, com o objetivo de identificar tais alunos.
A abordagem preventiva adotada pelas escolas é valiosa, pois permite que os estudantes se conscientizem de suas dificuldades e se empenhem em melhorar ao longo do ano, evitando surpresas desagradáveis no fim do período letivo. É gratificante, saber que a escola está atenta a essas questões e proporciona o apoio necessário para que os estudantes superem suas dificuldades acadêmicas.
Como que se observa hoje as dificuldades, as vantagens também de determinados municípios para implantar uma regionalização da Educação?
Hélio Daher: Todas as escolas têm suas particularidades, e é por isso que não dá para compará-las entre si. Cada instituição possui uma identidade única, mesmo quando estão localizadas no mesmo município, como é o caso de Campo Grande e Dourados. Por exemplo, em Dourados, você tem a escola Presidente Vargas e a educadora São João, que são completamente diferentes e têm perfis de alunos distintos. É essencial tratarmos cada escola de acordo com suas necessidades específicas, e é por isso que além das políticas estaduais, é fundamental termos orientações e políticas regionais.
Nossas regionais atuam de forma intensa, cada uma em sua área de jurisdição, reconhecendo as dificuldades particulares de cada escola. Compreendo que uma escola em Corumbá pode enfrentar desafios diferentes daquela em Três Lagoas, pois lidam com realidades sociais e culturais distintas. Portanto, a rede de ensino deve ser flexível e adaptar-se a essas diversidades.
Nosso foco principal é ajudar cada escola a superar suas próprias dificuldades, sempre se comparando consigo mesma ao longo do tempo. Por exemplo, quando tratamos da reprovação, é importante olharmos para os números internos. Se uma escola reprova 15% dos estudantes em um ano, nosso objetivo é trabalhar para reduzir esse índice para 12% ou 10% no próximo ano, buscando sempre a melhoria contínua.
E se tratando do período integral… Como que estão as demandas das escolas? Existe um planejamento de aumentar?
Hélio Daher: O governador Eduardo Riedel tem colocado um foco significativo na educação em tempo integral como parte de sua plataforma de gestão. Ele defende a ideia de educação integral em tempo integral. Atualmente, já alcançamos 71 municípios com esse modelo. Nosso principal objetivo é universalizar a oferta de ensino em tempo integral na rede estadual. O que isso significa? Basicamente, qualquer estudante da REE, independentemente do município onde esteja, pode optar por frequentar uma escola de tempo integral. Queremos garantir que todas as cidades tenham escolas estaduais com esse modelo.
Estamos trabalhando arduamente para alcançar esse objetivo o mais rápido possível, e nossa meta é atingi-lo até 2025, mas estamos buscando encaixar essa conquista talvez já em 2024. Neste momento, já estamos oferecendo ensino integral em 50% de nossa rede, abrangendo 71 municípios.
Como as escolas estão atuando quando o assunto é capacitação de jovens e adolescentes?
Hélio Daher: Para que possamos verdadeiramente preparar os jovens para ingressar no mundo do trabalho, garantindo que eles se sintam confiantes, preparados e com potencial reconhecido pelos empregadores, o Estado precisa buscar parcerias. Atualmente, temos excelentes parceiros nesse sentido, como o Sesi e o Senai, que desempenham um papel fundamental em nossa rede. O Senac também é um parceiro crucial em nossas iniciativas. Além disso, estabelecemos vínculos com instituições federais de ensino, reconhecendo a importância dessas colaborações.
Internamente, estamos comprometidos com o trabalho já em andamento pelo secretário, que tem buscado investimentos para o nosso estado. Com o crescimento significativo de indústrias, como as fábricas de celulose, que estão se instalando em nossa região, é imprescindível que entreguemos jovens capacitados e aptos a trabalhar nessas áreas de grande investimento. Essa é uma expectativa até mesmo dos investidores, e o Estado precisa estar alinhado a ela.
Passado um tempo após vários atentados nas escolas País a fora, como a REE está lidando com isso hoje?
Hélio Daher: A modernização da educação é essencial em diversos aspectos, e a segurança nas escolas não é exceção. O governo do Estado agiu rapidamente e implementou uma resposta abrangente para enfrentar esse desafio. Criamos um núcleo de inteligência que trabalha tanto na prevenção quanto no enfrentamento das questões de segurança nas escolas. Ao identificar jovens que apresentam sinais de ansiedade, depressão ou qualquer outra necessidade de ajuda, entendemos que tanto as vítimas de agressão ou bullying quanto os jovens agressores precisam de apoio.
O diálogo com esses jovens e suas famílias é fundamental para compreender as raízes dos problemas. Nesse sentido, avançamos significativamente com a Coordenadoria de Psicologia Educacional, proporcionando atendimento tanto dentro das escolas como encaminhando as famílias para a rede de assistência em saúde.
Além disso, melhoramos a inteligência e o trabalho conjunto com os diretores escolares, permitindo que eles identifiquem e apontem problemas de violência no entorno das escolas, como tráfico de drogas, roubos e furtos. O vídeo monitoramento também se tornou uma ferramenta poderosa para prevenir e investigar incidentes, em colaboração com as delegacias locais.
A parceria entre a Secretaria de Educação, as delegacias e outras instituições é uma realidade consolidada, permitindo que a segurança nas escolas seja uma prioridade. Atualmente, 298 escolas já contam com vídeo monitoramento, o que representa um avanço significativo.
Recentemente o Governo Federal que iria acabar com as escolas militares do País. Como já anunciado pelo senhor anteriormete, isso não irá trazer reflexos para o Estado, certo?
Hélio Daher: Mato Grosso possui um programa próprio de escolas cívico-militares, independentemente do programa federal. Os militares envolvidos são estaduais, pertencentes ao Bombeiro Militar e à Polícia Militar, e os recursos são fornecidos pela Secretaria de Estado de Educação. Esse programa não foi afetado pelo anúncio do governo federal, o que significa que as escolas em Maracaju, Anastácio e as duas em Campo Grande continuam funcionando normalmente.
Uma importante preocupação é a parceria com os municípios. O Estado se compromete a oferecer formação para os profissionais das escolas municipais que desejem adotar o modelo cívico-militar, buscando uma cooperação justa e mantendo a tranquilidade das famílias que têm seus filhos nessas escolas. O governador defende a manutenção do funcionamento dessas escolas, pois respeitam e atendem aos interesses da população.
Atualmente, não há planos para ampliar a rede de escolas cívico-militares no Estado. A ênfase é investir e garantir a qualidade das quatro escolas existentes. Acredita-se que um número menor de escolas permite um foco maior na qualidade do ensino, e até o momento, essas quatro instituições têm alcançado bons resultados, assim como outras escolas que não seguem esse modelo. Portanto, o objetivo é manter as quatro escolas em funcionamento, sendo muito satisfeito com o trabalho desenvolvido até o momento. No futuro, a ampliação da rede pode ser discutida, mas por ora, a prioridade é fortalecer e aprimorar as escolas existentes.
Secretário uma das coisas que acabam trazendo uma certa dificuldade para alguns pais, é em relação ao número de vagas disponíveis em algumas escolas. Como está essa situação hoje?
Hélio Daher: A educação faz um esforço significativo para fornecer escolas próximas às residências da população. No entanto, às vezes isso se torna um desafio. Cada escola tem uma capacidade limite de vagas por região, e é possível que haja mais estudantes do que a escola pode acomodar em determinada área. Isso leva a situações em que alguns estudantes não conseguem ser atendidos na primeira opção de escola e podem precisar buscar alternativas em segunda ou terceira opção.
O processo de matrícula é totalmente online, sem intervenção humana. São estabelecidos critérios, sendo o principal deles a proximidade da escola em relação à casa do estudante. Se a primeira opção de escola não estiver próxima o suficiente, o sistema tenta encontrar a escola mais próxima possível para minimizar problemas relacionados à distância.
Infelizmente, a educação muitas vezes não consegue acompanhar o crescimento urbano de forma rápida o suficiente. Ao construir novos bairros, a prioridade pode ser a infraestrutura básica, e a escola acaba sendo uma das últimas instituições públicas a ser implantada na região. Isso resulta em problemas de vagas mais comuns em bairros recém-criados, onde o Estado precisa montar todo o processo para construir e estabelecer uma nova escola para atender à demanda gerada pelo crescimento populacional na área. Em bairros mais antigos, onde o estado já está estabelecido, os problemas de vagas tendem a ser menores, uma vez que as escolas já estão em funcionamento há mais tempo e foram planejadas para atender a população local.
Da Redação
Fonte: Grupo Feitosa de Comunicação